segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Camilo Pessanha

Caminho I

Tenho sonhos cruéis; n´alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d´harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d´agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.

Sem comentários: