terça-feira, 30 de setembro de 2008

Nuno Gonçalves (1450-72)


"Painéis de S. Vicente"
"A primeira e imediata constatação que fazemos perante os seis painéis variavelmente designados como «de S. Vicente», «da Veneração de S. Vicente» ou «de Nuno Gonçalves», e individualmente por (da esquerda para a direita) «Frades», «Pescadores», «Infante», «Arcebispo», «Cavaleiros» e «Relíquia», é a de que estamos perante uma obra única, profundamente original e intrigante. A grande aglomeração de figuras preenchendo todo o espaço disponível, sem um único intervalo que permita discernir claramente algum fundo através da parede humana que se estende de um extremo a outro, a distribuição das figuras em planos sucessivos até ao topo dos painéis, os objectos obviamente carregados de simbolismo não imediatamente compreensível, são os primeiros elementos visíveis de um mistério que se arrasta desde fins do séc. XIX.(...)"

Almeida Garrett: "Frei Luis de Sousa"

Raul de Carvalho


Coração sem imagens

Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?

Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento, que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.

Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.

Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.

Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.

Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.

E hei-de ser feliz ainda
que isso não seja ser feliz.

domingo, 28 de setembro de 2008

Zeca Afonso

"Os Vampiros"

Che Guevara

José María Herédia


Himno del Desterrado

¡Cuba, Cuba, que vida me diste,
dulce tierra de luz y hermosura!¡
Cuáanto sueño de gloria y ventura
tengo unido a tu sueño feliz!¡
Y te vuelvo a mirar...! Cuán severo,
hoy me oprime el rigor de mi suerte
la opresión me amenaza con muerte
en los campos do al mundo nací.

Mas ¿qué importa que truene el tirano?
pobre, sí, pero libre me encuentro.
Sólo el alma del alma es el centro:¿
Qué es el oro sin gloria ni paz?
Aunque errante y poscrito me miro,
y me oprime el destino severo;
por el cetro del déspota ibero
no quisiera mi suerte trocar.

¡Dulce Cuba!, en su seno se miran
en el grado más alto y profundo,
las bellezas del físico mundo,
los horrores del mundo moral.
Te hizo el cielo la flor de la tierra;
mas, tu fuerza y destinos ignoras,
y de España en el déspota adoras
al demonio sangriento del mal.

¡Cuba, al fin te verás libre y pura!
Como el aire de luz que respiras,
cual las ondas hirvientes que miras
de tus playas la arena besar.
Aunque viles traidores te sirvan,
del tirano es inútil la saña,
que no en vano entre Cuba y España
tiende inmenso sus olas el mar.

sábado, 27 de setembro de 2008

GNR - GRUPO NOVO ROCK

"Dunas"

Charles Le Brun

" God of War, Mars" (1619-1690)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"Great Balls Of Fire"

Jerry Lee Lewis by Mark Marshall

Henry Ossawa Tanner

"Anunciação"
"The Annunciation, 1898. Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, PA."

Mário de Sá-Carneiro


"O amor"

Amor é chama que mata,
Sorriso que desfalece,
Madeixa que desata,
Perfume que esvaece.

Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.

Madeixa que se desata
Denominam-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Twin Peaks





Stand by Me...

"the title of the movie and the song"

domingo, 21 de setembro de 2008

John Lennon & Yoko Ono

Make Love not War

Moonspell

"Antidote"

Teatro

"Antidoto" pelo Teatro de Construção

sábado, 20 de setembro de 2008

José Luís Peixoto

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Heróis do Mar

"O Inventor"

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

António Variações

Camilo Pessanha

Caminho I

Tenho sonhos cruéis; n´alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d´harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d´agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

The Cure

"Love Song"

Shakespeare in love...

D. Dinis


Foto, Biblioteca Nacional Digital

Ai, flores, ai, flores do verde pino

Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado?
Ai, Deus, e u é?

Vós me preguntades polo vosso amigo?
E eu ben vos digo que é sano e vivo.
Ai, Deus, e u é?

Vós me preguntades polo vosso amado?
E eu ben vos digo que é vivo e sano.
Ai, Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido. ~
Ai, Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosco ante o prazo passado.
Ai, Deus, e u é?