"Estrela Mosaico de Gaudi", no Parque Güell, em Barcelona
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Joan Maragall
Quiero cubrir de joyas tu cabello,
tu garganta y tu pecho, brazos, manos,
en memoria de todas las caricias
que te haga ahora y que te hice antes.
Como lluvia, las joyas en tus miembros,
como lluvia los besos de mi amor,
y bajo cada beso que se encienda
un nuevo resplandor, como una estrella.
Una joya por beso, que ilumine,
quieta noche, lo noble de tu cuerpo;
mas después del gran día, luego el día;
la esposa, sin las joyas, del esposo.
domingo, 16 de novembro de 2008
domingo, 9 de novembro de 2008
Augusto dos Anjos
Pecadora
Tinha no olhar cetíneo, aveludado,
A chama cruel que arrasta os corações,
Os seios rijos eram dois brasões
Onde fulgia o simb’lo do Pecado.
Bela, divina, o porte emoldurado
No mármore sublime dos contornos,
Os seios brancos, palpitantes, mornos,
Dançavam-lhe no colo perfumado.
No entanto, esta mulher de grã beleza,
Moldada pela mão da Natureza,
Tornou-se a pecadora vil. Do fado,
Do destino fatal, presa, morria
Uma noute entre as vascas da agonia
Tendo no corpo o verme do pecado!
René Descartes
Descartes busca provar a existência do próprio eu e de Deus.
"Cogito, ergo sum" significa "penso, logo existo"; ou ainda "Dubito, ergo cogito, ergo sum"; "Eu duvido, logo penso, logo existo" é uma conclusão que o filósofo e matemático francês Descartes alcança após duvidar de sua própria existência, mas a comprova ao ver que pode pensar e se está sujeito à tal condição, deve de alguma forma existir.
Além dessa conclusão, Descartes no "Discurso do Método", também prova a existência de Deus, especifica critérios para a boa condução da razão e faz algumas demonstrações.
A existência de Deus é provada porque, existindo a razão e o pensamento, é preciso haver um fiador dessa razão e desse pensamento, algo que lhe dê coerência. Pela razão, existe Deus."
Carlos Nogueira Fino
Carlos Nogueira Fino
pensar é uma palavra
pensar é uma palavra
primogénita
onde o ardor decanta das insígnias
os íntimos sinais
e o olhar é um silêncio enorme
e rumoroso
o delicado musgo
da memória
é a matéria-prima
do teu rosto
pensar é uma palavra
primogénita
onde o ardor decanta das insígnias
os íntimos sinais
e o olhar é um silêncio enorme
e rumoroso
o delicado musgo
da memória
é a matéria-prima
do teu rosto
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indicação do lugar
chegamos a uma página em branco atravessada por
um súbito silêncio uníssono
o rio é uma dobra do olhar onde sempre estivemos em surdina
é o exacto lugar
indiciador dos músculos
quem ousa escancarar as portas à cidade
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Tertulia, en el café de Pombo
"La tertulia de Pombo en un antiguo café y botillería de la calle de Carretas (un célebre cuadro de José Gutiérrez Solana la inmortalizó). Durante años, los sábados por la noche la Sagrada Cripta de Pombo recogió lo más significativo de la intelectualidad europea."
domingo, 2 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
Fernando Pessoa
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
domingo, 26 de outubro de 2008
Bertold Brecht
Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
domingo, 19 de outubro de 2008
Eugénio de Andrade
Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Garcia Lorca
Se as minhas mãos pudessem desfolhar
Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Jorge de Sena
Tendo lido uma carta
(Tendo lido uma carta acerca de um seu livro de poemas , que oferecera.)
Por que entristeço ao ler o que de
meus versos escrevem, se não é de mim
que escrevem?
Será que chora em mim o que meus versos foram
antes de ser meus?
Por que pergunto, se já sei por quê?
Escuto longamente, leio, espero,
e o poema é voz de toda a gente, todos eles, que,
não se tendo ouvido, não a sabem sua.
E vêm chorar em mim o coração traído,
a música perdida em distracções urgentes,
uma palavra que ninguém falou.
Não entristeço,pois. Apenas sou pergunta,
e, sendo eu, me esqueço ao perguntar.
Post-Scriptum(1960)
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Nuno Gonçalves (1450-72)
"Painéis de S. Vicente"
"A primeira e imediata constatação que fazemos perante os seis painéis variavelmente designados como «de S. Vicente», «da Veneração de S. Vicente» ou «de Nuno Gonçalves», e individualmente por (da esquerda para a direita) «Frades», «Pescadores», «Infante», «Arcebispo», «Cavaleiros» e «Relíquia», é a de que estamos perante uma obra única, profundamente original e intrigante. A grande aglomeração de figuras preenchendo todo o espaço disponível, sem um único intervalo que permita discernir claramente algum fundo através da parede humana que se estende de um extremo a outro, a distribuição das figuras em planos sucessivos até ao topo dos painéis, os objectos obviamente carregados de simbolismo não imediatamente compreensível, são os primeiros elementos visíveis de um mistério que se arrasta desde fins do séc. XIX.(...)"
Raul de Carvalho
Coração sem imagens
Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento, que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda
que isso não seja ser feliz.
domingo, 28 de setembro de 2008
José María Herédia
Himno del Desterrado
¡Cuba, Cuba, que vida me diste,
dulce tierra de luz y hermosura!¡
Cuáanto sueño de gloria y ventura
tengo unido a tu sueño feliz!¡
Y te vuelvo a mirar...! Cuán severo,
hoy me oprime el rigor de mi suerte
la opresión me amenaza con muerte
en los campos do al mundo nací.
Mas ¿qué importa que truene el tirano?
pobre, sí, pero libre me encuentro.
Sólo el alma del alma es el centro:¿
Qué es el oro sin gloria ni paz?
Aunque errante y poscrito me miro,
y me oprime el destino severo;
por el cetro del déspota ibero
no quisiera mi suerte trocar.
¡Dulce Cuba!, en su seno se miran
en el grado más alto y profundo,
las bellezas del físico mundo,
los horrores del mundo moral.
Te hizo el cielo la flor de la tierra;
mas, tu fuerza y destinos ignoras,
y de España en el déspota adoras
al demonio sangriento del mal.
¡Cuba, al fin te verás libre y pura!
Como el aire de luz que respiras,
cual las ondas hirvientes que miras
de tus playas la arena besar.
Aunque viles traidores te sirvan,
del tirano es inútil la saña,
que no en vano entre Cuba y España
tiende inmenso sus olas el mar.
sábado, 27 de setembro de 2008
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Mário de Sá-Carneiro
"O amor"
Amor é chama que mata,
Sorriso que desfalece,
Madeixa que desata,
Perfume que esvaece.
Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Amor é chama que mata,
Sorriso que desfalece,
Madeixa que desata,
Perfume que esvaece.
Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominam-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece.
Denominam-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
sábado, 20 de setembro de 2008
José Luís Peixoto
fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
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